quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Poesias de Gregório

Gregório de Matos

Buscando a Cristo

A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos Que, para receber-me, estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravados. A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lágrimas abertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados. A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme.




Gregório de Matos


Descrevo que era Realmente Naquele Tempo a Cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro, que nos quer governar cabana, e vinha, não sabem governar sua cozinha, e podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um freqüentado olheiro, que a vida do vizinho, e da vizinha pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, para a levar à Praça, e ao Terreiro. Muitos mulatos desavergonhados, trazidos pelos pés os homens nobres, posta nas palmas toda a picardia. Estupendas usuras nos mercados, todos, os que não furtam, muito pobres, e eis aqui a cidade da Bahia.



* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *



Gregório de Matos


A Nossa Senhora da Madre de Deus Indo Lá o Poeta

Venho, Madre de Deus, ao Vosso monte E reverente em vosso altar sagrado, Vendo o Menino em berço argenteado O sol vejo nascer desse Horizonte. Oh quanto o verdadeiro Faetonte Lusbel, e seu exército danado Se irrita, de que um braço limitado Exceda na soltura a Alcidemonte. Quem vossa devoção não enriquece? A virtude, Senhora, é muito rica, E a virtude sem vós tudo empobrece. Não me espanto, que quem vos sacrifica Essa hóstia do altar, que vos ofrece, Que vós o enriqueçais, se a vós a aplica.



* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário